quarta-feira, 19 de junho de 2013

A integração Regional Amazônica conduzida pela dinâmica da acumulação capitalista

1-Por Gedson Thiago

A construção da integração regional amazônica caracteriza-se historicamente pela atuação muito presente da acumulação capitalista. Ao fazer um retrospecto da economia brasileira, em particular a economia amazônica, observa-se que ela foi construída para servi a lógica de uma reprodução ampliada de capital.
A integração de região amazônica foi “sustentada pela conformação de um modelo extrativista, das drogas do sertão, o que produziu um verdadeiro genocídio indígena” (MARQUES, 2012), no período da colonização portuguesa. Tal situação foi um prelúdio para os séculos seguintes e também se consolida no momento atual, dado que a economia da região amazônica se mantém como primaria-exportadora.

Ao fazer um retrospecto da economia brasileira, em particular a economia amazônica, observa-se que ela foi construída para servi a lógica de uma reprodução ampliada de capital

A economia da borracha na Amazônia no fim do século XIX inicio do século seguinte, não se comportou de forma diferente, pois, a borracha produzida na região via o sistema de aviamento, condicionou mais uma vez a economia local em primaria-exportadora, com baixa agregação de valor e apropriação bruta da natureza sem grande incorporação tecnológica. Ocorreu que a economia extrativa da borracha amazônica enfrentou uma concorrência devastadora dos seringais asiáticos (os quais começaram a existir com as sementes das seringas saqueadas da Amazônia), levando-a a uma profunda crise seguida de sua decadência.
A economia da borracha amazônica voltava a tomar um fôlego no período da segunda guerra mundial, pois, os seringais da Ásia estavam todos arrasados pela guerra, sem condições de produzir sua matéria-prima, o látex. Nenhuma mudança no que tange a estrutura econômica ocorreu a não ser a condução da mão-de-obra nordestina pelo governo federal para a Amazônia, que veio a formar os soldados da borracha, e estes produzindo num regime primário-exportador.
Nesse período, pós segunda guerra mundial, a divisão internacional do trabalho (DIT) agiu no sentido de consolidar na região amazônica a dinâmica de uma economia agrário-exportadora, tal configuração fortaleceu o sentido que as nações periféricas passaram a desempenhar na ótica da dos países desenvolvidos, uma simples produtora de matérias-primas.
A integração da região Amazônica foi também fortemente marcada pela extração mineral. Em 1945 foi descoberta na serra do navio, no Amapá, grandes reservas de manganês “explorada pela mineradora Icomi, que na pratica representava os interesses da multinacional norte-americana Bethlehem Steel” (MARQUES, 2009). A extração mineral feita por essa empresa esgotou as reservas de manganês de alto teor em apena 13 anos, de 1957 quando houve a primeira exportação até 1970. O que levaria 50 anos para esgotar terminou bem antes pela exploração sem responsabilidade social deixando um enorme passivo social na região.
A trajetória da exploração mineral na Amazônia segue com as descobertas de reservas minerais de manganês na serra do Sereno em 1966 em Marabá-PA pela Codin subsidiaria da Union Carbide, das reservas de ferro em Carajás-PA em 1967 pela United States Steel, e das Reservas de bauxita (matéria-prima do alumínio) foram encontradas em Oriximiná-PA em 1969, exploradas pela Companhia Vale do Rio Doce. Posteriormente o programa grande Carajás, parte integrante do programa polamazônia (1974), concentrou grandes investimentos na região amazônica o que delineou a ocupação de região por meio desses grandes projetos minerais, o qual o governo federal criou as condições estruturantes para o capital privado se instalar na região amazônica colocando-a como área estratégica para economia dos países imperialistas.
Por tanto, a integração regional da Amazônia foi conduzida pela atuação direta da acumulação capitalista, pois, desde a exploração e envio do exclusivo metropolitano pelos portugueses, passando pela economia da borracha e seguido pela dinâmica dos grandes projetos minerais, mostrou se que a acumulação de capital (o processo de acumulação da massa de capital após cada ciclo deste, mantidos constantes os elementos que os constitui, meios de produção e força de trabalho – forma valor do capital) por parte do empresariado nacional e internacional foi “servido de bandeja” pelo governo brasileiro com seus financiamentos a fundo perdido e seus incentivos fiscais.
Outro aspecto relevante a observar na integração regional da Amazônia em todos esses períodos é a dinâmica econômica nela desenvolvida (primário-exportadora) que sempre se realizava na esfera da comercialização (D – M –D’) o que inibia investimento privado deixando para o estado a responsabilidade de criar a infra-instrutora  de forma que a economia da Amazônia não se desenvolveu de forma a gerar uma distribuição de renda equitativa.
1-Bolsista de Iniciação Científica e discente do Curso de Graduação em Economia da Universidade Federal do Pará.

MARQUES, Gilberto de Souza. Amazônia uma moderna colônia energético mineral, 2012

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