quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O crescimento demográfico da população jovem brasileira e suas implicações sociais e econômicas
Gedson Thiago do Nascimento Borges[i]
As características populacionais de um país são variáveis extremamente relevantes para construção das políticas públicas de uma nação, pois, o aspecto demográfico norteia a relação básica entre o gerenciamento dos recursos públicos com o nível de habitantes que dada região possui. Lançando o olhar para o Brasil observa-se que o crescimento demográfico teve um salto considerável, de 17 milhões ,em 1900, o número de habitantes passou para 170 milhões, em 2000. Esse mesmo país que em apenas cem anos multiplicou por dez a sua população apresenta também, como característica populacional recente, o maior nível demográfico de jovens da história do país.
Segundo estimativas da Secretária de Assuntos Estratégicos de presidência da República (SAE), ainda nas quatro primeiras décadas do século XXI o comportamento de crescimento da população brasileira viria a ultrapar os 200 milhões e chegaria aos 220 milhões de habitantes. No entanto, a característica desse ritmo de crescimento se dá pelo número de mulheres com idade fértil (de 15 a 49 anos), o qual mantém o nível de natalidade maior que o nível de mortalidade, mesmo com uma taxa de fecundidade (número médio de filhos que teria uma mulher ao final de seu período reprodutivo), abaixo do nível de reposição.
Em meio a esse boom populacional, a parcela jovem, faixa etária, definida de acordo com a Emenda Constitucional nº 65 de 2010, que vai dos 15 anos aos 29 anos e seus subgrupos: jovens - adolescentes (15 a 17 anos); jovens – jovens (18 a 24 anos) e jovens – adultos (25 a 29 anos), representam uma parcela considerável da população brasileira.
A mensuração gráfica do número de jovens brasileiros não se dá pela formação de um triângulo com um pico identificando o número máximo de jovens, mais por um trapézio, o qual aglutina a faixa etária de jovem em determinado período. A contagem de jovens no Brasil leva em consideração o coorte de natalidade da população que completa 15 anos até os 29 anos, com a diferença do coorte que completa 30 anos acrescido da quantidade de jovens mortos no período.
Ainda sobre as definições do tamanho da juventude brasileira, temos as definições da SAE:
“quando a contabilidade completados fluxos é levada em consideração, o crescimento no tamanho da juventude (V) é igual à diferença entre a entrada de novos jovens (A), formada pela coorte que acaba de completar 15 anos, e a saída de pessoas da juventude, que ocorre ou por transição à fase adulta - aqueles que completam 30 anos - (B) ou por morte (C). Logo, V = A-(B+C)=(A-B)-C. Hoje, aqueles que entraram na juventude15 anos antes (E) ou já saíram devido à mortalidade(D), ou saem nesse ano ao transitarem à vida adulta (B). Portanto, o tamanho da coorte de entrada há 15 anos é dado por: E = B+D. Assim, em cada ano, a diferença entre o tamanho da coorte que entra na juventude (A) e a que entrou 15 anos antes (E), nossa aproximação (V*) para o aumento no tamanho da juventude, é dada por: V*= A-E = A-(B+D) = (A-B)-D”

A juventude, portanto, é composta por 15 coortes. Em 2013, o tamanho de cada uma dessas 15 coortes de jovens variava entre 3,2 e 3,6 milhões, segundo a SAE, o que resulta em uma média pouco inferior a 3,4 milhões de pessoas por coorte. Daí o total de 51 milhões de jovens existentes hoje, o que representa pouco mais de ¼ (ou 26%) dos quase 200 milhões de habitantes do país.
Em termos absolutos este período expressa um momento em que a faixa etária jovem é a mais numerosa de toda história do Brasil. Porém, vale observar que em termos relativos, a população jovem brasileira em relação ao todo alcançou seu ápice em 1983 quando correspondia a 29% da população brasileira.
O tamanho da população de um país, sem dúvida, acentua o debate sobre desenvolvimento, o qual analisa até que ponto fazer parte de um grupo matematicamente superior a outros é algo vantajoso. Em particular, analisar esse momento histórico em que a população jovem do Brasil está numericamente maior do que em outros períodos, nos leva a considerar quais as vantagens ou desvantagens que esse momento acarreta para população jovem brasileira.
Para uma análise mais próxima das vantagens e desvantagens do tamanho da população jovem brasileira, há de se levar em conta, como parâmetros, as disponibilidades de fatores, tais como, qualidade de vida, disponibilidade tecnológica, qualificação e formação educacional da população adulta, para posteriormente se avaliar quais as implicações que dadas esses condicionantes podem ou não gerar melhorias sociais e particulares para a população jovem brasileira.
Em se tratando de população e de desenvolvimento, a resposta para questão do numero elevado da população jovem desse país não se define em um caso maniqueísta, porém, o mais sensato é dizer que depende de termos ganhos crescentes ou decrescentes com o tamanho. Quando os ganhos são crescentes, a contribuição de um aumento na população será superior à contribuição média da população pré-existente. Nesse caso, um aumento na população irá elevar a contribuição média. Quando os retornos são decrescentes, a contribuição de um aumento na população será inferior à contribuição média da população pré-existente, levando a uma queda na contribuição média.
Por tanto, ser uma população jovem quantitativamente mais numerosa que outras faixas etárias, não é em primeiro momento, uma vantagem direta, porém, se as disponibilidade dos fatores de desenvolvimento cooperarem para tal, então, as vantagens de ser uma população jovem numerosa aflorará.
  Hipoteticamente, se no Brasil houvesse baixíssimas disponibilidades de fatores que viessem a desenvolver a população jovem, tais como, recursos naturais, tecnológicos e oferta de emprego, em uma situação de numerosa população jovem acarretariam em uma desvantagem, pois, dadas essas condições e com uma população jovem numerosa, haveria um diminuição das oportunidades e aumento da concorrência. Destacando que tal situação, em sentido oposto tenderia a gerar vantagens.
Em uma analise que se aproxime mais da realidade brasileira no tocante as vantagens e desvantagens que o tamanho da população jovem brasileira se encontra, destaca se, neste momento histórico, que em alguns setores da economia o tamanho da população jovem trará vantagens, porém, em outros setores o quantitativo dessa população estará em desvantagens dado a baixa disponibilidade de recursos.
Outro aspecto que a atual juventude brasileira, stricto sensu, os coortes 1984 a 1998 está vivenciando é apresentado na grande massa de força de trabalho que essa geração hora de jovem vai se tornar na maior força de trabalho que o Brasil já possuiu. Por tanto, o país está passando por uma janela de oportunidade, que se houver investimentos coordenados, principalmente na formação de capital humano, para qualificar essa grande massa de força de trabalho jovem há de se colher nas próximas décadas uma força de trabalho adulta bem preparada, capaz de contribuir com mais efetividade para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.  



[i] Graduando em Ciências Econômicas, Bolsista PIBIC

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